91% dos médicos exercem medicina defensiva

Arch Intern Med. 2010:170:1081-1084

Conforme estudo publicado na Archive of Internal Medicine de 28 de junho 91% dos médicos avaliados no Mount Sinai School of Medicine em Nova Iorque solicitam exames não necessários como forma de se protegerem contra processos judiciais.

Comentário: Os caminhos percorridos pela Medicina no séc XX e agora no XXI são interessantes. Os métodos complementares, principalmente os de imagem, são fundamentais para uma melhor prática médica, porém em países como EUA eles tem tomado a primazia em detrimento da história clínica e do exame físico.

Logicamente a história clínica e o exame físico são fundamentais quando existe doença clinicamente manifesta, mas como avaliar doenças polipóides se transformando em câncer dentro do cólon de nossos pacientes? Como diagnosticar um câncer de mama que ainda não formou nódulo? Como diagnosticar diabetes se dosagem sérica de glicose?

Quando a relação médico-paciente se tornou profissional-cliente passamos a ser mercado, passamos a vender o nosso tempo e a vender serviços, com os serviços sendo mais bem remunerados que o tempo. Com isso nasceu uma indústria do processo médico que se alimenta de erros cometidos de forma consciente ou não.

Independente da área de atuação exercemos a medicina em quatro vertentes: diagnóstica, curativa, paliativa e preventiva, todas elas servindo ao paciente. Porém o medo de processos judiciais criou a medicina defensiva, essa para tratar exclusivamente dos médicos.

Estamos em um período de transição em que iremos redescobrir a validade do clínico e investir pesadamente na medicina preventiva, com diagnóstico precoce e tratando doenças crônicas com mais efetividade. No entanto, gastar 10% dos recursos em saúde (210 bilhões de dólares ao ano nos EUA) com medicina defensiva somente irá atrasar essa transição.