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Mostrando postagens de julho, 2010

Fenômeno de julho. Verdade ou mito?

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Se você não sabe o que é o fenômeno de Julho, sugiro a leitura ( The July Phenomenon, Truth or Myth? ) Trata-se de uma percepção demonstrada por alguns estudos em que a mortalidade intra-hospitalar aumenta durante o mês de Julho (mês do início das residências médicas nos EUA). Fiquei imaginando como seria um estudo desses em nossas emergências no início de cada ano, em que médicos recém-formados, residentes ou não, iniciam suas atividades pelos pronto-socorros, assumindo responsabilidades. Mais encasquetado fico ao imaginar a realidade de pequenos pontos de atendimento, que nem se pode chamar de hospitais, que ficam à mercê de acadêmicos portando carimbos de médicos e se responsabilizando por vidas sem qualquer supervisão ou conhecimento para isso. Recebendo salários ínfimos para cumprir uma função nobre. Custam muito menos às secretarias de saúde desses pequenos municípios do que contratar médicos de verdade. Embora saibamos que esses acadêmicos salvam vidas e merecem méritos por is

Hipotermia pós-Reanimação

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Quando leio sobre hipotermia pós-reanimação fico com a impressão de duas coisas: Como permanecemos sempre 10-20 anos atrasados em relação a outros países; Como em medicina as coisas ou tornam-se práticas ou caem em desuso. Nessa segunda observação a hipotermia está cada vez mais prática e racional. Aquelas cenas de ficcção científica estão cada vez mais longe e dentro em breve será realidade. Mas como fazer em um país em que a morte súbita é ainda subdiagnosticada e não existem números sobre essas e muitas outras morbidades. Link medscape

Recomendações para prevenção de C. difficile

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A infecção por Clostridium difficile é a principal causa de diarréia infecciosa relacionada a cuidados em saúde. O artigo em questão lista algumas recomendações. Porém mantem em dúvida o real valor dos probióticos e da desinfecção do ambiente. Destaco algumas das recomendações: A lavagem das mãos é altamente recomendável, de preferência com sabão e água (A-II); Durante surtos ou em ambientes em que a taxa do infecção for aumentada, tanto os profissionais de saúde como os visitantes e trabalhadores devem ser instruídos a lavar as mãos com sabonete (ou sabão antimicrobiano) e água depois de contato com os pacientes infectados/colonizados (B-III); Para contato com todas as substâncias do corpo, as luvas são recomendadas (IA); O uso de capotes não apresenta evidências suficientes; Termômetros descartáveis são preferidos em relação aos termômetros eletrônicos (IA); O uso de cloro durante a limpeza do ambiente parece ser segura, embora não exista registro de produto específico (BII);

Humanização em Terapia Intensiva

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O que vem a ser humanização em terapia intensiva? Muitos pensam que basta deixar a família colocar santinhos, fotos, frases da família ao redor do leito do paciente, outros pensam que é tratar o paciente com intimidade (Olá seu Zezinho!, Como vai vovô?). Será que é fazer carinho? Pegar na mão dos nossos doentes? Tem aqueles que pensam logo: é só tratar o paciente como se fosse o seu pai, mãe, avô, filho, irmão... Então devo chorar com a família, me abraçar aos pacientes e familiares em sofrimento? Pois é assim quando o doente é de nossa família. É interessante termos de discutir humanização com... HUMANOS! Mas sigamos em frente: Humanizar é acolher o paciente e sua família, disponibilizar tempo e ambiente para os diálogos, não termos medo de informar o paciente e seus familiares sobre a sua real condição de saúde, darmos a família total acesso ao paciente, respeitando os horários de repouso dele, entender as fases de Kübler-Ross (negação, raiva, negociação, depressão e aceitação) pel

Experiência - Para pensar...

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Se eu tenho uma loja de doces e contrato um doceiro para trabalhar comigo que, além de fazer vários doces, é especialista em um doce específico, desses bem gostosos, admirados e procurados, porque eu não dou os ingredientes para que ele prepare esse doce específico? E fico satisfeito em vender pés-de-moleques, cocadas e até petit gateau , quando poderia estar vendendo The Dome’s Truffle Ice ? É assim quando impedem a nós médicos de exercercermos melhor a medicina. É triste, mas real!

Cirrose e hemorragia

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A Sudden Increase in Abdominal Girth in a 48-Year-Old Cirrhotic Patient   O caso acima nos ensina que: 1. Nem todo sangramento no cirrótico é do trato digestivo; 2. A presença de ascite hemorrágica é mais comum em lesões estruturais do que alterações de coagulação; 3. Hematócrito abaixo de 5% no líquido ascítico é mais comum nos acidentes de punção; 5% dos pacientes com cirrose apresentam ascite hemorrágica; As causas de hemoperitônio no cirrótico são: A esplenomegalia seguida de trauma abdominal fechado; Ruptura de hepatocarcinoma (14.3%); Pancreatite hemorrágica; Peritonite tuberculosa; Sangramento por varizes intra ou retroperitoneais.

91% dos médicos exercem medicina defensiva

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Arch Intern Med . 2010:170:1081-1084 Conforme estudo publicado na Archive of Internal Medicine de 28 de junho 91% dos médicos avaliados no Mount Sinai School of Medicine em Nova Iorque solicitam exames não necessários como forma de se protegerem contra processos judiciais. Comentário: Os caminhos percorridos pela Medicina no séc XX e agora no XXI são interessantes. Os métodos complementares, principalmente os de imagem, são fundamentais para uma melhor prática médica, porém em países como EUA eles tem tomado a primazia em detrimento da história clínica e do exame físico. Logicamente a história clínica e o exame físico são fundamentais quando existe doença clinicamente manifesta, mas como avaliar doenças polipóides se transformando em câncer dentro do cólon de nossos pacientes? Como diagnosticar um câncer de mama que ainda não formou nódulo? Como diagnosticar diabetes se dosagem sérica de glicose? Quando a relação médico-paciente se tornou profissional-cliente passamos a ser mercado,