25 anos de Pronto Socorro



A entrevista é do Dr. Robert McNamara, professor do Depto de Emergência Médica da Universidade de Temple na Filadélfia e fundador da Academia Americana de Medicina de Emergência.

Destaco alguns pontos interessantes:
  • Nos ensina duas lições quanto a Enfermagem:
    (1) Quando a enfermagem chamar vá avaliar o paciente, pois a experiência deles pesa muito na identificação da gravidade.
    (2) Não aceite uma avaliação da equipe de que o paciente está simulando ou falsiando, vá avaliar o paciente e tire as suas próprias conclusões.
  • Não discuta com o paciente, se ele estiver bravo, acalme-o, peça desculpas pelo atraso no atendimento e siga em frente.
  • Se estiver irritado com o paciente, se possível, passe-o para o outro médico ou afaste a irritabilidade pois é fonte importante de avaliações ruins e julgamentos precipitados.
  • Reconheça os familiares presentes na sala, se possível sente ao lado do leito e converse com o paciente, resolva os conflitos, pergunte o porque da família ter trazido o paciente até o PS. Se não for possível conseguir informações com o paciente, pergunte aos familiares, ao serviço de ambulância que trouxe o paciente, leia as anotações da enfermagem.
  • A importância da TAQUICARDIA: esse sinal, o paciente não tem como falsear, às vezes o único sinal de embolia pulmonar é taquicardia. Interessante notar que infecções de pele graves se iniciam com lesõs que parecem contusões, porém a contusão por si não causa taquicardia, enquanto infecções de pele sim. Valorize a taquicardia.
  • Tenha boa relação com outros médicos do hospital. Envolva-se com outros setores do hospital, conheça e se faça conhecido.
  • Tenha a confiança dos especialistas, seja capaz de resolver problemas no PS, entre em contato com o médico-assistente sempre que possível e dê segurança a ele e aos familiares.
  • Atenção ao paciente que procura o serviço várias vezes, algumas vezes ele pode realmente ter um problema.
  • Adictos: não entre em conflito, converse com eles e tente encaminhá-los ao serviço especializado. Medicá-los no PS não irá mudar o fato de ele ser adicto, muito menos piorar a sua doença.
  • Mantenha o raciocínio clínico mesmo em casos corriqueiros e repetitivos, lembre-se a asma pode matar.
  • Um bom diagnóstico feito pela equipe do PS muda completamente a evolução e a internação do paciente.
Porém qual é nossa realidade:
  • O PS hoje no Brasil é a porta de entrada dos hospitais, principalmente dos públicos;
  • Em sua maioria são médicos recém-formados com tanto ou mais medo do paciente do que do paciente pela doença;
  • Vários médicos cumprem "tabela" no PS, tem suas outras atribuições, mas permanecem no PS sem atualização e menosprezados pela direção do hospital;
  • Criou-se o hábito de emitir "Pedidos de Parecer" para o especialista sem entrar em contato com ele;
  • Os especialistas quando mandam seus pacientes ou familiares ao hospital pedem a avaliação dos médicos do CTI ou dos chefes de serviço por falta de confiança nos plantonistas do PS;
  • Não existe no Brasil a cultura do Emergencista, muito menos se valoriza esses profissionais.
Enfim, em algum momento nós mesmos ou nossos familiares precisaremos de um PS, portanto essa luta é nossa!

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